domingo, 17 de fevereiro de 2008

A distância é um mar


A distância é uma legião de palavras armadas.
Açoitando-te por não haver outro alvo.

A distância é um mar.
E estou preso nas águas, nos cais, nas embarcações...

Náufrago, dividido e longe,
quero fazer das palavras uma ponte.

(início 2004- 30/05/06)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ruínas


Te adoro por antecipação,
figura tardia amainando o meu longe.
Sou a confissão da água que resta
e a sede viciada de um monge
que entrega-se à memória de outro
sangue que mina
te adoro entre ruínas...

20/07/03

sábado, 19 de janeiro de 2008

Uma leitura

Há tempos construí uma barca
de palavras ao vento,
que me levaria à margem do que já estava feito.
Mas a realidade redemoinhou
e afogou no meu sono,
minha barca comigo dentro.


Através de poemas tentei amar,
fácil e covardemente,
como se fosse válido lapidar uma jóia
que não era só minha.


Confesso que remei sem os remos.
E encontrando um tufão,
dancei sua música sozinho.


...Enquanto afogo-me.
No continente meus poemas são lidos
e não os entendem...

(23 e 24/05/98)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Uma ladeira

A distância me fez de memórias.
Não te ambiciono mais.
E tudo que te ofereço agora,
é essa cor seca que não se cobra,
negação de palavras e horas
(o meu bouquet de rosas).

Certeza alta me mutila:
(procissão de pétalas)
é essa dor de ausências.
Abandono de palavras num altar
(sumidouro de prosas).

Ser dono é me saber meu
sem precisar de outra glória...
E a cor sangue que guardo pra mim,
por diversão e alheamento.
Conforta-me.

(25-05 03)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os meninos na ladeira


Subir a ladeira empinando a bola
é a meta e a aliança dos nossos malungos.
Brincadeira que faz da redonda uma taça.
Enquanto a vida segue célere
reescrevendo as regras do jogo.
(06/05/05)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Coisas limpas



Limpo a casa.
Teço minhas preces em versos anônimos.
Calo-me porque sou calado assim.
Beijo-te ao te olhar.
Curo a anêmica ferida
ofereçendo músicas para quem me visitar.
Construo avenidas mínimas onde não se avista o fim.
Limpo a casa com o melhor de mim.

20-02-07

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um jogo


A rua, a bola e vários olhares.
Vagos sentidos de vida.
A casa amarela e as outras cores perdidas
Pretendem-nos vida.
O nosso desejo era enxergar mais longe
Onde moram as respostas e as mentiras
Mas há um limite e um consolo:
Esse jogo de inevitável fim
nunca termina.

11/11/2005