quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um jogo


A rua, a bola e vários olhares.
Vagos sentidos de vida.
A casa amarela e as outras cores perdidas
Pretendem-nos vida.
O nosso desejo era enxergar mais longe
Onde moram as respostas e as mentiras
Mas há um limite e um consolo:
Esse jogo de inevitável fim
nunca termina.

11/11/2005

sábado, 15 de dezembro de 2007

Distância

Agora é tudo mar calmo.
Um barco sem velas é quem me leva.
Ao longe, tua imagem no litoral é diminuta pedra.
Só, não fico pequeno, o meu horizonte é rasto.
Líquido que em mim se expande.

Amo essa minha perspectiva na praia.
Daqui eu nadaria pros meus próprios braços.
Nadador-náufrago que não teme
a distância da sua própria margem.

02/09/06

domingo, 9 de dezembro de 2007

Fim de tarde


Confesso-me em água.
Sou eu no teu gosto.
Predisposição para o absoluto
Nas funduras do teu olho.

Exílio.
Barca.
Naufrago gordo.
Absolvição no teu corpo.
Bote que me resgata do nada
E me desfaz em água
Absorvendo-me.
Até sermos gozo.

(28/04/00)

Pescador


Antes de mim
havia você e as palavras.
Ambicionei você e elas.
Deserto que estranhamente pretende água.
E hoje me procuro
onde não existia nada.

11/06/06

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Sob o tempo

Sob o tempo
Sobre o nada
Desenho para não duvidar da minha casa:
Tua face nas paredes.
E escrevo para o meu próprio tédio
O meu nome na tua face

20-08-07

Camisa azul

Meu passo é leve.
É o passo de quem traz entendimento e solidez.
A vida não me leva,
Eu a trago bem mansinha como sementes indefesas.
Ultrapasso a ferrugem do mundo
sem pensar no que é breve.
Eu sei que sou ferrugem,
mas sou aço também.

22-03-07

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Ao longe


A eternidade me experimenta.
O meu cais era olhar o nosso tempo como criança.
E hoje, esse hiato disfarçado de rio
passa por mim com a calma do abandono.

Sou feito de tempo e distância
querendo estar mais longe
do que meus passos alcançam.

16/09/06

Riso na Rosário dos pretos

Resta em mim a memória dos passos.
A direção contrária mapeada pelo descaso.
A palavra gasta que reedito ininteligível
é discurso de quem é só memória e desabrigo.
Já desisti de te falar verdades.
Sorrio como quem guarda a vida
nas coisas impossíveis que transformo em palavras.
25-10-06